sábado, 1 de janeiro de 2011

Parem as Máquinas! Será este o fim da Imprensa como nós conhecemos?

Não é somente a Indústria de Entretenimento que está paralisada perante a revolução que a Internet está causando neste inicio de século XXI. Os meios de comunicação de massa estão passando pelo mesmo problema. Mas de uma forma um pouco diferente. Enquanto a indústria de entretenimento vê a Internet como inimiga a ser destruída, os meios de massa estão usando como uma nova forma de fazer jornalismo. Agregando rádio, tv e impresso em seus websites contando também com abordagens diversificadas, diferentes do seu conteúdo oficial.

Porém, apesar desses benefícios, os meios de massa, tal qual a indústria de entretenimento, ambas vem amealhando algo em comum com a Internet: prejuízo. Enquanto este vem perdendo bilhões de cifrões por ano – contudo conta com apoio legalista constitucional para tentar minimizar e combater a pirataria e os arquivos para downloads, e ainda em alguns países projetos de lei vem dificultando a vida do usuário com penas jurídicas para barrar a baixa de arquivos – aquele não tem como frear a concorrência do conteúdo livre disponibilizado por concorrentes do ramo ou por usuários qualquer da web, restando somente a se adaptar aos novos ventos. Ventos estes que estão decretando em alguns casos o fim de tradicionais jornais de relevâncias em seus grotões, principalmente nos EUA aonde já começou em processo lento este declínio, com quedas nas circulações e receitas. Problema este que afeta a todos no ramo em todos os países.

Alguns afirmam com veemência, mas ainda é cedo – e presunçoso – demais ao decretar o fim do jornalismo impresso. Contudo, medidas já estão sendo tomadas.


A Perigosa Relação do Crack no Viciado

Alertado em todos os meios médicos e psíquicos sobre o perigo, o consumo do crack no Brasil só faz aumentar e a transformar seus usuários em flagelos humanos.

Já é um consenso entre médicos, policiais e pessoas especializadas na área de saúde química: o crack é o mal da década. Destruindo lares e pessoas, físicas e mentalmente, o crack chegou ao século XXI popularizado pelo seu preço baixo e acessível (10 reais) a todas as camadas sociais, tornando os usuários reféns do vício e dos traficantes, fazendo com que os usuários pratiquem desde pequenos delitos em casa à prostituição para sustentar o vício. Sem escolher sexo, gênero ou raça, o crack por onde passa deixa um rastro de devastação. Em Campina Grande não seria diferente. Apreensões diárias são feitas em bocas-de-fumo, mas a guerra contra as drogas é difícil e complexa. O que resta de esperança são as clínicas de recuperação para tratamento. O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) que desde 2005 atua com viciados em álcool, crack e outras drogas, é um dos pontos de referência no tratamento por se diferenciar de outras clínicas psiquiátricas, ao não impor ao paciente a presença no local. Nessa entrevista com o psicólogo Sérgio Máximo Vieira, 34 anos, chefe da equipe médica do CAPS há dois anos, conversamos sobre a polêmica política de redução de danos, o sistema de saúde, o perigo da droga, aonde ela atua e sobre o tratamento médico.

Por que o crack é a mais devastadora de todas as drogas?
O crack e outras drogas que estão surgindo agora, que pensava-se ser sub produto do crack oriundo da Argentina, como o paco, mas descobriu-se que não é, estão causando uma dependência muito rápida nos usuários, o efeito dela é muito rápido e o usuário quer consumir cada vez mais a droga. É uma droga que falseia certos estímulos. Então, o paciente que chega aqui tendo sido usuário de crack não tem fome, não tem sono, preguiça, pelo contrário, fica bem ativo e na verdade alguns criam ate coragem de cometer alguns delitos. Por isso eles costumam se viciar muito rápido no crack e a porta de entrada para isso tudo ainda é o álcool. A maioria de nossos usuários é dependente de álcool. E a partir disso, por motivo de curiosidade ou amizade, começam a entrar no crack, alguns fazem uso do mesclado – que é a mistura da cannabis com o crack – e essa dependência hoje na Paraíba é muito crescente, muito grande. A gente começa a ver isso pelo interior do nosso estado. E as pessoas se  viciam muito rápido.

O Guia Perverso para o Cinema

Slavoj Zizek é psicologo e um polêmico analista político da Slovênia. O Guia Perverso para o Cinema (The Pervert's Guide to Cinema, 2006) é uma abordagem analitica-psicológica sobre alguns dos filmes mais importantes da sétima arte, entre eles Psicose, Alien e O Grande Ditador. Com uma visão nada ortodoxa, Zizek produz uma obra que faz analisar e pensar o cinema de uma outra forma.

A Classe Artística da Feira Central

Por trás de uma barraca de carnes e miudezas, reside escondido nos interiores da Feira Central o ponto que antigos e novos boêmios, poetas anônimos de cantoria popular e cidadãos comuns freqüentam costumeiramente à procura de um pouco de diversão e despreendimento do dia-dia. Engana-se quem imaginou alguns dos famosos cabarés que deram contornos românticos de outrora e tons marginais atualmente. O local em questão é o Bar de Teresa. Estável naquele local já há um bom tempo, tão certo como missa dia de domingo, são os repentistas que descompromissados, vão ao local cantar suas redondilhas improvisadas à espera de um público minguado, na maioria das vezes compostos de amigos e colegas de profissão (e lógico, alguns bêbados desavisados), na mais complexa arte de musicar sem ensaio, melodias ternas e sinceras sobre causos e contos da vida cotidiana, em um ping-pong que nos fazem abrir um sorriso sincero frente às rimas construídas espontaneamente.
 
Vindos normalmente de uma criação sem fartos bens-materiais, sertanejos antes de tudo, muitos dos repentistas começaram suas vidas artísticas ainda quando crianças, tocando em bares e cabarés da vida acompanhando os país ou amigos nas bandas. Sem ensino fundamental sequer finalizado, aprenderam o oficio na mais simples arte da prática e do esforço mental. Diferente dos outros tempos, todos os repentistas hoje não tocam na aventura de ganhar um trocado e conseguir viver com esse dinheiro o resto do dia. Todos hoje, principalmente os mais velhos, são ou aposentados ou quando fazem apresentações, normalmente são em eventos patrocinados, onde tem sua verba garantida sem preocupação nenhuma se vai ser o suficiente ou não para comprar um prato de comida, como antigamente.

Enfurtados numa pequena sala de bar, vendendo CDs e DVDs com suas obras completas, esperando conseguir mais do que uma simples cerveja paga pelos clientes, digladiam-se dois repentistas entrando verso e saindo verso, embolados pelo som da viola que nos remetem às cidadelas do interior nordestino, contando e cantando folclores, amores perdidos e brigas enfrentadas, sempre em primeira pessoa, ora zoando ora louvando o outro seja pela sua bravura ou sua covardia no momento relatado. Simpáticos, seja pela conveniência de agradar o ouvinte ou pela natureza pessoal, tentam tornar o ambiente agradável, improvisando nas letras palavras de honra e carinho aos visitantes não acostumados ao ambiente novo.

Obs: Esse textículo é um breve relato sobre as impressões e rápidas conversas tidas com os repentistas da aérea no dia da minha visita a Feira Central de Campina Grande. O clima e o ambiente em desgaste da área preservam, acima de tudo, a dignidade dos artistas que tocam somente pelo prazer do ofício, sem grandes ambições artísticas.

O “Falso” Malandro - A vida de um sambista na terra do forró

Texto originalmente publicado na Revista Impressões.
Pedro Souto Guimarães, filho de Severino Souto Guimarães e Adelaide Souto Guimarães, nasceu em Campina Grande, foi criado numa família de agricultores, arando a terra e plantando o sustento junto com três irmãs e dois irmãos, e é conhecido a mais de meio século na cidade como Pedro Cancha. Ele é um dos símbolos remanescentes da antiga boemia que viveu numa Campina Grande ainda florescendo como cidade em expansão e desenvolvimento.

Hoje, com setenta e quatro anos, Pedro Cancha não apresenta mais a virilidade e a elegância de tempos que outrora lhe dera fama, “mas não dinheiro”. Com as mãos calejadas, as roupas sujas de graxa devido ao conserto no carro, cabelos longos, barba por fazer e o rosto já marcado pelo tempo, nos recebeu em sua modesta casa no bairro do Cruzeiro que “de tão desarrumada parece a casa do Mazzaroppi nos filmes”, brinca Pedro. Contudo, ainda guarda consigo as histórias, a simpatia e os cacoetes de antigamente. Além de suas famosas vestimentas.
O próprio. Foto/Nathalia Quintella


Os Pecados de Hollywood

Texto publicado originalmente na Revista Claquete #1

Foi confirmado há algumas semanas atrás o reinício da franquia Homem-Aranha, com novo elenco e direção, programado para estrear ainda em 2012. A trilogia original, com Tobey Maguire no papel de Peter Parker e Sam Raime como diretor, foi um sucesso de crítica e público, conquistando os três filmes mais de 1 bilhão de dólares na bilheteria. Mas não somente a isso se restringe o legado do aracnídeo. Graças a ele uma nova fase na cultura pop foi dada largada. A dos filmes baseados em quadrinhos sem ter que desvirtuar a obra original para ter que agradar aos leigos, tendo seu ápice atingido com Batman – O Cavaleiro das Trevas.

Mas o ponto central deste artigo não trata sobre espólios e bilheterias. E sim sobre Hollywood. Mais precisamente como a indústria cinematográfica americana destrói legados de filmes impecáveis com suas seqüências, se atrofia em criatividade e abusa do talento de jovens cineastas se aproveitando de seu nome para gerar um hype em cima da obra. E a retomada da franquia Homem-Aranha contém todos esses elementos ditos acima.

A História do Cine São José

Texto publicado originalmente na Revista Claquete #1


Cine São José, no seu auge: Cinema de bairro que marcou época na cidade
A Família Wanderley tinha grande tradição no ramo de salas cinematográficas. Desde o início do século XX vinha arredando terrenos e construindo um império de cinemas na Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Seu ponto de largada se deu com Olavo Wanderley, que chegou em João Pessoa em 1932 e junto com seu sogro montam o Theatro Santa Roza, o primeiro cinema falado do Estado. Pouco tempo depois, com o lucro conquistado pelo teatro, fundam a Cia. Exibidora de Filmes e entram de vez no mercado de salas cinematográficas.

Em 1934 inauguram em Campina Grande o Cine Capitólio, no centro da cidade. O novo cinema era considerado o melhor do estado e com capacidade de atender quase mil espectadores. No dia 20 de novembro dá inicio as atividades com o filmes Cavadores de Ouro, de Marvey LeRoy.