Com o recente aumento nas passagens de ônibus, publicarei um texto escrito há dois anos sobre uma alternativa viável para barrar de vez o aumento absurdo e anual que acontece aqui: a concorrência.
Há menos de cinco anos atrás uma celeuma se instalou na cidade e provocou o pânico nos empresários de ônibus. Indivíduos, trabalhadores informais, na sua maioria desempregados, resolveram tomar uma iniciativa, influenciada pelo que já ocorria em outras cidades grandes. Transformaram seus carros em táxis-mambembes e por um preço muito abaixo da média lotearam seus carros de passageiros e levavam de um ponto a outro da cidade em alguns minutos.
Por muito tempo criou-se uma guerra informal entre os Alternativos (eufemismo para Lotações) e os Regularizados (ônibus e táxi). Denúncias de irregularidades e falta de segurança permearam todo o debate e confronto. Ao fim, acabaram por se extinguir e agora só circulam entre viagens intermunicipais – aonde é mais fácil de barrar a fiscalização. Mas o ponto crucial foi omitido deliberadamente do debate. Os Alternativos são uma solução e não um problema. Simplesmente porque barrariam por um tempo o abusivo preço das passagens municipais nos ônibus.
O movimento estudantil sempre protestou contra o alto preço das passagens municipais em Campina Grande. E como contra-proposta reivindica até hoje o Passe-Livre aos estudantes. Como sempre, faltou lógica ao cerco utópica da reivindicação. Por vivermos em uma economia baseada no capital, se uma proposta dessa fosse aprovada não séria necessário pretexto para que o preço da passagem quase triplicasse para a população comum. Porque grande parte da receita desapareceria de um grupo minoritário e teria que ser repassado a outro grupo sem privilégios. Isso é noção básica de economia. Sem lucro empresa nenhuma vai pra frente.
Depois desse arrodeio, voltemos ao ponto principal. Poderosos no meio político e com representantes na Câmara dos Vereadores, os lobbistas do transporte público logo conseguiram tornar ilegal o transporte alternativo, graças em parte também pelas verificáveis irregularidades e falta de segurança. Mas a questão aqui não é de viés marxista entre exploradores donos do capital e trabalhadores explorados, visão esta que considero errada. É sim sobre monopólios e dinheiro.
Monopólios porque os empresários de ônibus não tem concorrência no transporte. Cada itinerário tem seu bairro majoritário. E os táxis não podem ser levados em conta, pois todos sabemos a diferença real de preço cobrado entre um e outro. Com o fim desse monopólio imediatamente geraria duas coisas: concorrência e por corolário, queda nos preços, além do aumento na qualidade do serviço – tanto de horário como de infra-estrutura.
Pois, obviamente, não são somente os alternativos que apresentam precariedades aqui. Alguns ônibus são tão decrépitos que parecem terem sidos importados da antiga União Soviética e que a qualquer freada vão se desmontar todo.
E quanto ao Dinheiro, a legalização os tiraria da informalidade e teriam que pagar impostos, gerando renda e possivelmente até empregos. A queda de preço seria inevitável nos ônibus, isso é o mais óbvio que acontece quando se tem concorrência no meio. E quem mais sairia ganhando com isso seriam os usuários dos transportes coletivos, sejam eles de ônibus ou vans-alternativas. Experiências realizadas com sucesso em outras cidades comprovariam a validade dessa alternativa viável.
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